Segundas pelas vidas negras e indígenas

Segunda-feira é dia de colocar mais luz na consciência sobre o nosso papel antirracista nas redes sociais.  E desde que dei vida a esta iniciativa que é cada vez mais nossa, tenho me surpreendido com as revelações de assuntos e pessoas incríveis que tenho encontrado nos movimentos negro e indígena.

E por sorte e conspiração do universo dos bons encontros, recebi a ligação do Sandro Ruggeri Dulcet, diretor executivo da Humana Tradução e Comunicação, me convidando para participar como intérprete simultânea remota da Oficina de Mudanças Climáticas, promovida pela Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab) e pelo Indian Law Resource Center.

Foi uma experiência maravilhosa que compartilhei com os colegas José Borba e Marília Fontes. Foram três dias intensos de aprendizados e melhor, de refinamento dos nossos artefatos humanos. O povo originário tem uma sabedoria ecossistêmica que merece ser replicada nos quatros cantos do planeta.   O mais incrível é constatar a relevância das cotas para negros, indígenas e pessoas de baixa renda nas universidades. No caso dos índios, os que  se formaram em direito,hoje auxiliam as suas próprias comunidades com núcleos jurídicos especializados. Uma aula de cidadania, responsabilidade social e inteligência coletiva. O pensamento ancestral cultural com o saber acadêmico ocidental deram uma autonomia de pensamento crítico exemplar. É vital a preservação do tesouro humano que mora nas florestas com toda a sua biodiversidade e seres animados, inanimados e invisivelmente envoltos em mistério.

Democratização do Conhecimento

A aventura cibernética internacional no coração da Amazônia só foi possível graças à gestão do Sandro, da Humana, ao propor o evento híbrido, que contou com participação presencial de dezenas de representantes indígenas em Manaus. Do outro lado do mundo sem fronteiras, especialistas da área de direitos humanos da Indian Law Resource Center nos Estados Unidos, Peru e Equador, e claro, nossa presença como intérpretes distribuídos em Salvador, Macapá e Belém.

 A tradução simultânea remota (TSR ou RSI) abriu o portal para a democratização do conhecimento, facilitando o encontro de nações. Os povos indígenas trocaram experiências com a Indian Law Resource Center graças aos avanços digitais, mesmo quando lá em Manaus havia queda de eletricidade momentânea (e olha que tinha gerador em funcionamento). As adversidades de instabilidade de rede foram superadas e cada vez fica evidente a importância da contratação de empresas de tradução com profissionais com competência não só no idioma e no ofício da interpretação em tempo real, mas também na capacidade de solucionar problemas técnicos e de liderar equipes remotamente.

Preparação para a COP 26 e Demarcação Já!

A preparação para o 26º encontro da Conferência das Partes da Convenção (COP26), a ser realizado no mês de novembro em Glasgow, na Escócia, já é uma realidade graças à união de propósitos e busca de possibilidades concretas para realizar o intento E se tem algo que devemos nos orgulhar é da nossa família indígena brasileira. Resiliência, resistência e adaptabilidade ao lidar com ameaças constantes, é tarefa para quem sabe esperançar e não desistir de lutar pela Amazônia.

Não existe debate sobre mudanças climáticas sem a participação dos povos originários, ribeirinhos, povo do semiárido e quilombolas. Os indígenas são responsáveis pela conservação de 80% da biodiversidade do planeta.  Nara Baré, coordenadora geral da Coiab, enfatiza que “a própria mãe natureza está mostrando de forma direta que as mudanças climáticas são uma realidade e o assunto precisa ser levado a sério. É necessária uma ação imediata dos Estados,”.

Segundo informações da Coiab, a Amazônia brasileira é uma área com uma extensão de aproximadamente 5,2 milhões de Km² ] que corresponde a 61% do território nacional. A maior parte das Terras Indígenas estão concentradas nesta região. São em torno de 110 milhões de hectares onde vivem 60% da população indígena do país, estimada em aproximadamente 440 mil pessoas, que falam mais de 160 línguas diferentes.

Importante deixar ainda mais evidente, que a demarcação das terras indígenas não é simplesmente uma questão de direitos que precisam ser legalmente legitimados. A demarcação é a garantia que teremos floresta amazônica preservada em toda a sua extensão, incluindo a herança histórica, cultural, ambiental e ancestral. O Supremo Tribunal Federal tem a responsabilidade de garantir o futuro das próximas gerações em nível global com a decisão que em breve será tomada. Que a maioria dos ministros seja favorável aos índios e “exorcize” de uma vez por todas, o mal do marco temporal.

Contamos com você para lutar pela Amazônia!

A gente merece a vida inteira!

Jacqueline Moreno

É tradutora/intérprete simultânea, jornalista e professora do curso inteligência coletiva e expansão da consciência ecossistêmica.

Links relacionados:

coiab.org.br

indianlaw.org

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