Exposição Digital Et Plaga 

Completa hoje, dia  25 de fevereiro de 2020, a confirmação do primeiro caso de Covid 19 detectado no Brasil. Em dois anos, já passamos de 650 mil  mortos em território nacional. O Planeta já contabiliza mais 4 milhões e meio de vidas que se foram para nunca mais.

A saudade nos fará companhia para sempre.

Dia 26 de fevereiro, sábado, Almério Jr. relançará a exposição digital Et Plaga no Story do instagram @almerioj.

Em homenagem a todos os pais, mães e os frutos dos frutos das gerações mais longínquas da árvore da vida, eu, Jacqueline Moreno, e o meu irmão, Almério Jr., referenciamos empaticamente todos que partiram.

As asas do anjo da morte trazem na envergadura, a devastação sem limites do voo às cegas e ao mesmo tempo, certeiro: a humanidade e as suas mazelas, suas aflições e suas querelas.

 E são tantas Marias que tombam como árvores, desoladamente no chão. O ar que se esvai, o cansaço que de tão atroz, adianta o passo da morte que de tão veloz, leva tantas Marias para nunca mais.

Hora de enterrar seus mortos com a presença uníssona do covid19 como testemunha de milhares e milhares de caixões fechados. Lacrados. Essa é a hora da grande consumação do fato, exumação da alma e consumição do corpo.

Despedidas entre lágrimas atrás de óculos e escudos, choros por detrás de máscaras, acenos de despedida envoltos em luvas que de tanta saudade, jamais caberão nas mãos.

O cansaço é a resposta seja de quem acompanha, de quem cuida, de quem reza, de quem tenta suscitar ao menos um sinal. Ressuscitar é o que mais se busca quando o coração se exaure, os pulmões se sufocam, os rins se afogam e o ventre se aprisiona.

Cena insólita de revelações incertas, de manifestações duvidosas e apocalípticas.

Patefactio traduz a face do João. Desalentador o desamparo do homem que fez pouco caso do algoz. Iludido e rendido pela seita da redenção, lá seu foi o trabalhador que ficou desempregado.

 Fez da rua, sua batalha e do vírus, seu invisível inimigo.  A gripezinha propalada parecia crível e se achando atleta recordista de mergulhos em rios de esgoto, se sentiu invencível. João viu o vulto das asas do anjo vampiro, agonizou e solitariamente deu o seu último suspiro. Anunciado foi o seu trágico destino.

O olhar atento cerrou os olhos do tão só João. Hora de se desfazer dos fios, de cobrir o corpo com lençol e chorar. Logo ao lado um par de olhos atentos pedindo alento. A vida segue naquele  vão frio e ao mesmo tempo aquecido de pulsação. Há cura pela frente. Há arte na cooperação.

Tem solidão do caminhar vazio e o horizonte desfalecido entre o até breve e o adeus, seja crente, seja ateu.

Tem o Vicente, o Luiz, o José, a Zeferina, o Damião. Cada um no seu leito em febre ardendo e caçando vento de dentro. A melhora é progressiva e a esperança, equilibrista.O gênese da Eva se apresenta na presença do nostromo Adão;

É o desalento das Jandiras, o desespero das Tamiras e o clamor das Clementinas. 

Cada criatura velando o tormento e esperando o milagre da crença, da ciência e consciência da sua própria criação.

Com amor e respeito à vida,

Jacqueline Moreno

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