Lições de Yom Kipur: Quantos novos erros cometeremos?

Lições de Yom Kipur Quantos novos erros cometeremos
Lições de Yom Kipur Quantos novos erros cometeremos

Presenciei uma cena inesquecível quando minha filha era pequena. Ela deveria ter uns sete para oito anos.
Me deparei com Marccela chorando copiosamente, daquele jeito que parece que vai até faltar o ar.

Tentando manter a calma apesar de muito aflita por dentro, perguntei para ela:

– Tchela, o que foi, você se machucou, onde foi, posso ver?

ela respondeu:

– Pode não mamãe. a dor é invisível.

Como a menina não parava de chorar, eu tirei uma página em branco do caderno que tinha em mãos , enrolei, fiz uma espécie de monóculo, olhei para ela e disse:

– Com isso, eu consigo ver tudo e até o nada! Onde dói mesmo?

Curiosa, a menina parou de chorar, e ainda meio com a voz em soluços falou:

– Falei algo muito feio que causou muita dor na minha colega Pri. Ela ficou muito triste e isso me fez ficar com essa dor invisível e terrível no peito. Dói muito mamãe.

Eu achei aquela confissão tão inusitada que nem soube direito o que fazer. Abracei a menina e disse:

– Filha, essa dor vai passar. Você pediu desculpas para ela?

Tchela respondeu:

– Ainda não.

Eu então achando que havia resolvido a questão, já fui vendo um jeito de ligar para a casa da colega para Tchela falar com Pri, quando minha filha olhou para mim chorando.

– Faz isso não, mamãe. Eu ainda não consigo.

Eu intrigada, perguntei:

– Por que filha? Eu te ajudo a explicar. Pri vai aceitar suas sinceras desculpas.

E Tchela respondeu:

– Ainda não estou preparada mamãe. Primeiro eu preciso perdoar a mim mesma.

Compartilho o trecho dessa história real dos “Inesgotáveis Diálogos entre Mãe & Filha” para lembrar a importância do perdão na nossa jornada e da capacidade redentora e misteriosa que essa força essencialmente humana tem de nos libertar de dores invisíveis. A humildade é boa companhia e ela guarda o frescor no chão que precisamos pisar com pés descalços para alçar novos voos de refinamento pessoal e coletivo.

Entre o pôr-do-sol de 9 e 10 de Tishrei (15 e 16 de setembro 2021) , nós judeus e judias de todo o mundo estaremos reunidos em meditação para pedir perdão pelos erros cometidos e também perdoar a quem nos fez sofrer, mesmo sem saber. Um momento reflexivo de acerto de contas com o passado com direito a ter páginas em branco a serem escritas com nossas intenções e ações presentes e futuras.

Que a gente tenha a chance e a sorte de ter nosso ser inscrito e selado no livro da vida!

Temos todos os dias do ano de 5782 para acertar muito, espalhar muitos benefícios como também cometer novos erros! Quantos cometeremos?

A primeira lição é aprender com as crianças a nos perdoar. Chatmá Tová

A gente merece a vida inteira!

Jacqueline Moreno

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