Segunda Pelas Vidas Negras: A Justiça é uma Mulher Negra

Já viramos o calendário para 2022 e como ele, a renovação do compromisso de soprar ventos a favor da diversidade,inclusão e justiça social.  Tomar consciência do racismo estrutural no Brasil  é nosso dever cidadão e por isso, nos engajamos na força tarefa  de divulgar e promover engajamento.

Precisamos nos incomodar ao ter ao nosso redor a maioria branca nas posições de tomada de decisão e maioria negra nas posições subalternas. Na rede Linkedin, o amigo Marcelo Vicente, especialista em sustentabilidade( ESG), diversidade e inclusão,  publicou algo que chamou muita atenção e que aguçou a minha curiosidade sobre  a imposição da branquitude como estilo de beleza aceita e que só coloca mais tinta no preconceito.

“Todos nós negros passamos por esse processo ao longo da vida, pois nascemos humanos, mas logo na infância a sociedade nos mostra que somos negros e isso acontece com muita violência. Então nosso primeiro impulso é tentar não sermos negros e vamos nos embranquecendo, nos machucando ainda mais.
No mercado de trabalho é o mesmo nos mutilamos fisicamente e mentalmente para ser aceito nesse espaço como magistralmente compartilha a Chiara Ramos. Até que nos tornamos negros, nos aceitamos e aí é uma transformação sem volta, assim como mulheres não vão mais voltar para cozinha e LGBTQIA+ para o armário.

Sei bem a coragem que precisa para enfrentar o que acontece quando assumimos nossa negritude e quando não só na aparência caminhamos de um cabelo raspado, para o black power, as tranças e finalmente os dreads e isso reflete no comportamento, nos vestimos como negros, queremos trabalhar no modo UBUNTU de nossos ancestrais, queremos falar Asé e graças a exu, já que outros ditos e comportamentso são comuns e é aí que o mercado está totalmente depreparado…
Meu medo é perpetuar o que todo negro já sabe e ambos estamos citando nesses depoimentos é fazer diversidade e inclusão com os negros “não negros” e manter a estrutura “colorida” só para aparecer bem na foto e nos números. Mas digo uma coisa, não vão conseguir os resultados que buscam fazendo isso, pois perdem toda a riqueza dessa ação e aí não adianta falar o que também já ouvimos muito “viu, nós damos oportunidade, mas esse pessoal é assim…”

 A Justiça é uma Mulher Negra

Marcelo postou um texto de Chiara Ramos, procuradora federal e doutoranda em Ciências Jurídico-políticas pela Universidade de Lisboa, conferencista e instrutora da Escola Superior da Advocacia e da Escola da Advocacia-Geral da União. E este trecho me sensibilizou profundamente.

” Precisamos falar do genocídio do povo negro que não recai apenas sobre os nossos corpos, mas sobre as nossas mentes. Abdias nos deixou esse legado. Isso é urgente!! Estamos doentes!!!!! É preciso mergulhar!, é preciso ir fundo nas dores que são de agora, mas que também são ancestrais. É preciso se curar para emergir e desenvolver um projeto político para que ninguém tenha dúvidas de que a “A Justiça é uma mulher negra”, de que ela não anda só e de que ela está se preparando para voar!”

Recomendo fortemente o livro ” A Justiça é uma Mulher Negra”, de Chiara Ramos e Livia Sant´Anna Vaz. A obra traz em seu título um caráter disruptivo e vem para ” confrontar a branquitude e a epistemologia ocidental estabelecida no universo jurídico”.  Tem que se cumprir a lei de que somos todos iguais e da mesma família humana. Enquanto a população negra não for incluída e ter a sua reparação feita de forma sistemática, não haverá justiça social.  precisamos nos curar do preconceito o quanto antes. 

A  gente merece a vida inteira!

Jacqueline Moreno

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